quarta-feira, 14 de maio de 2014

Casa de Cultura Vivarte oferece oficinas artísticas

Atividades oportunizam vivências que desenvolvem criatividade e imaginação 

Passa um fio de lã aqui outro acolá. O batuque aqui é assim, daqui a pouco, o passo apressa. Contar uma história é lançar mão de ancestralidades. Derrete vidro, molda vidro. Na Casa de Cultura Vivarte, todo dia, toda hora, a arte acontece. O material? Já tem tudo lá, o mais importante é o interessado levar criatividade, mas, se não tiver, deixa que a turma dos “vivarteiros” assume o papel de alimentar imaginações. 


As oficinas de artesanato, percussão, contação de histórias e vidrofusão começaram na última semana de abril e acontecem, gratuitamente, até 25 de maio. Todos os interessados podem participar e se inscrever a qualquer momento. O espaço está localizado na Rua Tapajós, nº 108 – Bairro Nova Estação. As oficinas são financiadas pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, por meio da Fundação Estadual de Cultura Elias Mansour. 


As oficinas de artesanato, ministradas por Gabriela Lima e Paran Kaxinawá, incluem a produção de objetos como Filtro dos Sonhos e Olho de Deus, além de utensílios com materiais recicláveis. “O Olho de Deus é um objeto que, conforme crenças dos povos indígenas do México, canaliza e espalha energias positivas do coração. Ele é feito com lã, bambu e/ou palito de churrasco”, explica Gabriela. Já o Filtro dos Sonhos, também de origem indígena, é utilizado para afastar pesadelos. Este é produzido com cipó, linhas, penas e sementes. “Durante a produção, discutimos, além das formas geométricas, as cores utilizadas por cada participante. A atividade funciona, também, como uma espécie de terapia”, diz a artista. 


A oficina de Contação de Histórias é ministrada por Venício Toledo e Fernanda Basso. “No Acre já há uma tradição de contação de histórias, então, buscamos algo que pudesse aprimorar essa prática, por isso, criamos um trabalho com a proposta de oportunizar uma experiência mais reflexiva” explica Toledo. Segundo ele, a atividade inclui técnicas de aquecimento vocal e corporal, exercícios teatrais, bem como para desenvolver o improviso, e narrativas orais e corporais. “Trabalhamos com histórias autorais, compartilhamento de acontecimentos vividos, depois histórias de terceiros e seguiremos com outros da literatura universal”, conta. 


Ambos artistas entrevistados não são acreanos e estão aqui há menos de 1 ano. Gabriela é de Roraima e Venício e de São Paulo. Ambos vieram em busca de experiências e trocas artísticas, e parecem ter encontrado o lugar certo. Além de ministrar as oficinas, eles participaram da circulação do espetáculo “O Circo de Sirin Sirin”, que somou um total de seis apresentações em diversos lugares da cidade, por meio do Fundo Municipal de Cultura “Tem sido uma vivência grandiosa. Inicialmente, eu trabalhava com foco maior na música, agora, por meio do teatro, estou desenvolvendo outras habilidades”, conta Gabriela. A opinião da artista não difere da de Venício. “Aqui na Casa Vivarte, a vivência artística e o intercâmbio são muito intensos e fortes”, diz. Ambos concordam: “a rotina aqui alimenta a imaginação”. 

Para o encerramento das atividades, será organizado um sarau em junho, com apresentações e venda de objetos produzidos. Para mais informações ligue: 99579413 ou 99579421.

PROGRAMAÇÃO

Oficinas de Artesanatos 
Com: Gabriela Lima e Parã Kaxinawa
Quando: Segunda à sexta-feira, das 9h às 11horas

Oficina de Vidrofusão 
Com: Suzana de Andrea
Quando: Sábados, das 14h30 às 17h30min

Oficina de Percussão 
Com: Magno Augusto
Quando: Quarta à domingo, das 17h30 às 19h30min

Oficina de Contação de Histórias 
Com: Fernanda Basso e Veni Toledo
Quando: Quarta à domingo, das 19h30 às 21h30min

sábado, 10 de maio de 2014

Vivarte lança trabalho circense

Grupo realiza apresentações em espaços públicos da cidade 


O “Circo Sirin Sirin” é o mais novo espetáculo de teatro do Grupo Experimental de Teatro de Rua e da Floresta Vivarte. O trabalho é resultado de um processo de vivência, pesquisa e intercâmbio dos integrantes com o Núcleo Pavanelli (SP) e com o povo indígena Huni Kuin. Tal processo já dura quase cinco anos.

 “Aqui em Rio Branco, não temos a tradição da arte circense. Consideramos este trabalho a nossa escola de palhaço e, por isso, não é um espetáculo definido”, conta Dani Mirini, integrante do Vivarte. Conforme caracteriza o trabalho experimental, a peça se transforma a cada apresentação.


O grupo já levou o espetáculo para a Praça ao lado da Biblioteca Pública, ao Calçadão do Mercado Velho, ao Bairro Calafate, ao Parque de Exposições, à Sede do Jabuti Bumbá e à Comunidade da Barquinha Madrinha Chica.

O Circo Sirin Sirin conta com a participação de artistas convidados: Veni Toledo (SP) e Gabriela Lima (RR); e artistas locais: Daniel Lima, Magno Augusto, Maria Rita e Dani Mirini.


REVIRANDO HISTÓRIAS 

Mitologias da floresta e esquetes tradicionais do palhaço urbano se encontram no Circo Sirin Sirin. “O palhaço não é só um personagem que surge num momento da apresentação, é também um ser espiritual, pois nos induz a expor o que temos de ruim para o outro rir”, explica Mirini.


Para ela, o processo de pesquisa possibilitou o grupo (re)conhecer sonhos, entidades e desenvolver uma espécie de fé cênica. O aprendizado é traduzido em todas as linguagens possíveis: além do texto, o grupo mistura também as pinturas e acrobacias tradicionais do circo e das performances indígenas. No espetáculo, a trupe chega, na Amazônia, com pernas de pau, tambores e triângulos.

Num determinado momento, os artistas deixam o circo, desiludidos com falta de estrutura, apoio e incentivo para a arte. A personagem Cacareco busca saídas para dar continuidade à arte circense dentro da floresta.

“Ser palhaço é ter coragem e enfrentar medo do ridículo. Estou rindo mais de mim. Isso nos transforma”, finaliza a artista, firmando, mais uma vez, o convite que o Vivarte faz à transformação por meio da arte.

 A realização é do Grupo e Ponto de Cultura Vivarte, com circulação financiada pelo Fundo Municipal de Cultura, gerenciado pela Fundação Garibaldi Brasil.

Fotos: Talita Oliveira