quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

E a Encantoria circula...

O grupo de brincantes saiu por cinco diferentes pontos de Rio Branco, convidando transeuntes a viajar no imaginário dos povos da Amazônia. De repente, um inesperado: eis que aparece “Loa”, um ser encantado das matas, trazendo consigo um universo mágico e místico, é que ela tem um livro de lendas e mistérios. Entra em cena o Boto, e depois o Uirapuru, e depois o Curupira, e junto, um misto de cânticos, danças e histórias, muitas histórias.


Este é o Encantoria, espetáculo que o grupo Vivarte levou para o Mercado do Bosque, para praça no bairro Calafate, Novo Mercado Velho, praça Povos da Floresta e Terminal Urbano, numa turnê patrocinada pelo Banco da Amazônia - BASA. Este espetáculo, assim como outros espetáculos já encenados pelo Grupo Vivarte, aborda a discussão sobre a preservação da Floresta Amazônica.


Logo na sequência, eles arrumaram as malas e levaram essas histórias e experiências para longe: o grupo foi até São Paulo, onde, em um intercâmbio cultural, participou da IV Mostra de Teatro de Rua da Zona Norte, promovido pelo Núcleo Pavanelli; do 7º Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo (FESTCAL); e do Encontro da Rede de Teatro de Rua de São Paulo.

 Nossa estada em São Paulo fortaleceu nossos laços com os rueiros fazedores de teatro de lá. Visitamos grupos, conhecemos suas realidades, que não são muito diferentes das nossas lutas”, conta Maria Rita, presidente do grupo.

No final do mês passado, em Rio Branco, o grupo organizou os festivos da semana da consciência negra na Casa de Cultura Vivarte, com atividades diversas, como oficinas e apresentações artísticas.


Em janeiro do próximo ano, o grupo volta para a estrada, dessa vez no interior do Acre, por meio do Fundo Estadual de Cultura. Logo em fevereiro, eles tomam o barco e iniciam a circulação do Encantoria nos seringais, pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura. E assim, o Vivarte caminha na sua missão de divulgar as histórias e lendas da Floresta Amazônica, valorizando as identidades culturais tradicionais da Amazônia e do Brasil.


*Todas as fotos são de Arison Jardim.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Cantoria para encantar

Em novo espetáculo, indivíduos, personagens e lugares compõem uma única história 


“Aos poucos vamos transformando sonhos em realidade”. Assim Maria Rita, artista e presidente do Grupo Vivarte, inicia uma conversa sobre as andanças que levam o grupo Vivarte a subir e descer os rios do Acre; a adentrar pelas florestas em busca de personagens que inspirem tanto os roteiros artísticos do grupo, como também os sonhos, a vida e os projetos dos artistas. Eles que, nesta peça, transformam numa única e inseparável história o enredo de suas trajetórias particulares e as transformações de um lugar.


Boto, Uirapuru, Onça, Cobra-grande, Iara, Mãe da Mata. Personagens, mitos, indivíduos e artistas compõem uma história onde não se sabe ao certo o que é real ou ficção. “Sonhamos em ver uma floresta preservada”, continua Rita. Ela sabe que isso implica em preservar também o teatro e os conhecimentos tradicionais da floresta. 


 O “Encantoria”, mais novo espetáculo do Vivarte, é uma viagem aos mistérios da Amazônia, inspirado não apenas em histórias contadas, mas, sobretudo, em vivências que o grupo experimentou, juntamente com o autor do texto, Edmilson Santini. 


A construção teve início em 2009, com viagens em todo o interior do Acre, proporcionando o encontro com indígenas e ribeirinhos, povos tradicionais do estado. “Com essas trocas, colocamos na mala histórias que, de certa forma, contam também a nossa própria trajetória”, explica Rita. Ao todo, sete artistas somam 15 personagens. Toda produção e direção é feita por integrantes do grupo. 


A montagem do espetáculo foi financiada com recursos do Prêmio Funarte de Artes Cênicas, do Ministério da Cultura - MinC; e do Fundo Municipal de Cultura e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Rio Branco, com patrocínio do Banco do Brasil.


Matéria publicada originalmente no Jornal Página 20em junho de 2012. 
Texto de Giselle Lucena
Fotos: Talita Oliveira

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Arco-íris: uma nação de ritmos



Crianças, professores e estudantes com idades que variam de oito a 50 anos, saem às ruas, praças e escolas da cidade, levando ritmos, danças e cantos de coco de roda, maracatu, ciranda e baque de samba, e convidando o público a entrar na roda e deixar o corpo vibrar junto ao tambor da terra. 

Este é o grupo de música e dança Nação Arco-íris, liderado por Marilua Azevedo e Dani Mirini, também integrantes do grupo de Teatro Vivarte. “Nosso objetivo é formar, difundir e compartilhar o universo da cultura popular brasileira e acreana”, explica Dani. 


“A dinâmica da apresentação inclui canções e danças do nosso povo, e desperta o ser brincante que cada um carrega dentro de sim”, conta Mirini. Ela explica que brincante é o como os artistas populares se autodenominam. “Eles não se dizem músicos, atores ou dançarinos, eles se dizem brincantes, e os espetáculos que produzem são chamados de brincadeira”. 

O Nação Arco-íris é um grupo voltado para a prática e a pesquisa da cultura popular brasileira e acreana. “Este trabalho é nosso compromisso com a herança da nossa cultura tradicional, e é isso que desejamos passar adiante”, diz Mirini.

Por meio de financiamento do Fundo Municipal de Cultura de Rio Branco, foram realizadas oficinas para manutenção do grupo, e dinamização da Casa de Cultura Vivarte, equipamento cultural localizado no bairro Nova Estação, que oferece atividades culturais gratuitas aos residentes no referido bairro e suas adjacências. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

CASA VIVARTE:ESPAÇO DE ARTE E CULTURA DE RIO BRANCO

Na sexta-feira, dia 17 de fevereiro,2012,participamos de uma reunião dos Pontos de Cultura,do Estado do Acre, e podemos conhecer, como vem sendo desenvolvido as ações dos pontos de cultura.Como estamos chegando,deu pra sentir, que si todos os pontos de cultura que somam 14 mais 04 novos ponto do qual O GRUPO EXPERIMENTAL DE TEATRO VIVARTE, participa.somamos 18 Pontos em todo o ESTADO DO ACRE,sabemos que os pontos de cultura existem, para auxiliar os fazedores de cultura.Desenvolvemos um trabalho nas Comunidades da Zona URBANA E Zona Rural, e atendemos os bairros entorno da Casa Vivarte. e na Zona Rural, atendemos os Ramais em torno da Casa Área VIVA, na verdade, somos ponto de cultura de fato,Pois atendemos as comunidades, pois estamos encerridos.nessas comunidades..Desde 2009,realizamos Vivências com grupos de varios parte do Brasil,oferecemos oficinas de teatro,Maracatu,ensaios abertos de espetaculos,e apresentações de espetaculos do grupo, e apresentaçãoes de grupos de outros estados do brasil, nas comunidades que fazemos parte,desenvolvemos vivências,cinema,saraus,leitura,contação de historia,além de desnvolvermos trabalho voluntário dentro da comunidade da zona rutal e urbana.Temos uma proposta ideologica, com a Educação Ambiental,onde ja desenvolvemos trabalhos com estudantes das escolas rurais.Então o PROJETO DO PONTO DE COLTURA,vai vir em boa hora.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ô, de casa!

Grupo de teatro recebe visita de pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo, e configura espaços para a vivência e troca cultural permanente 

Espaços culturais oferecem portas e janelas para um novo mundo

GISELLE LUCENA

Se o homem é um ser político e social, o que é o artista? Entre tantas características e definições, um artista é um ser que cria, mobiliza, questiona e inspira. “A gente aprende e se encoraja cada vez mais a encarar o mundo”, comenta Daniele Mirini, do grupo Vivarte, no esforço de explicar como engrandece – a ela e ao grupo – receber de forma espontânea e inesperada, a visita de duas suecas na Casa de Cultura Vivarte. “Elas estão passeando pelo Brasil, querem conhecer mais sobre a cultura do Acre e, em algum lugar, ouviram falar sobre nós e chegaram até aqui”, explica a artista. “Isso faz com que a gente se dê conta da nossa responsabilidade como uma referência da cultura local”, se orgulha. 

Tirar os sapatos antes de entrar – um costume de região. Pessoas de diversas idades participam das atividades promovidas
O grupo de teatro de rua e da floresta Vivarte - veja que boa ironia -, mesmo carregando a característica de ter a rua como palco, estabeleceu raízes em dois pontos estratégicos da cidade: o primeiro é a Casa de Cultura Vivarte, localizada na Rua Tapajós, 508, no Bairro Vila Ivonete, em frente à Barquinha Madrinha Chica; o segundo é a Área Verde, localizada na Estrada Ac-90, Km 36 da Transacreana. Em ambos os espaços, o grupo desenvolve um importante processo de formação com as comunidades do entorno. “Promovemos atividades e trabalhos comunitários, artísticos, de educação ambiental e política”, relata Juliano Espinhos.

Atividades teatrais foram ampliadas para atividades de música, literatura, dança, cinema, entre outros
No ano passado, através do Prêmio Matias de Cultura Popular, edital lançado pela Fundação Elias Mansour – FEM, o grupo teve a oportunidade desenvolver a infra-estrutura dos espaços. “Avaliamos as condições de cada um, e resolvemos investir na construção de uma biblioteca na Área Verde, onde organizamos e disponibilizamos um acervo de livros, além de realizar outras atividades”, conta Maria Rita. Com o espaço, a atuação do Vivarte se amplia também para cinema, música e leitura, conquistando e contando com o trabalho voluntário dos moradores. De acordo com o grupo, as atividades alcançam quatro ramais: História Encantada, Dois Irmãos, Goiabal e Sertanejo. “Pessoas diversas da comunidade freqüentam as nossas seções de cinema. Os senhores da melhor idade aparecem todos bem arrumados”, descreve Mirini.

PRODUÇÃO CÊNICA

“Com fogo não se brinca” foi apresentado mais de 30 vezes na capital acreana
Uma das principais e mais polêmicas questões que afetam os grupos artísticos no país é a sua sustentabilidade. Como ter na arte a sua profissão e dela viver?  Um dos segredos é produzir e permanecer aberto às novas experiências e aprendizados. Além de prestação de serviços, o grupo Vivarte se mantém na produção permanente de intervenções e esquetes teatrais, cortejos, entre outros, para atender à demandas diversas e, quando possível e necessário, ir às ruas e “rodar o chapéu”, em busca da colaboração espontânea do público. “Com o contato com outras pessoas que trabalham com teatro de rua, vamos desenvolvendo a nossa sensibilidade e amadurecendo estratégias de conquista de público”, explica Daniele.

Neste ano, o grupo planeja realizar mais de dez apresentações do “Encantoria”, um espetáculo que brinca com lendas, mitologias e personagens da floresta. O texto é do dramaturgo e cordelista pernambucano Edmilson Ferreira. A montagem do espetáculo será finalizada com recursos do prêmio Artes Cênicas na Rua, da Fundação Nacional de Artes – Funarte; e sua circulação será realizada por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, da Fundação Garibaldi Brasil - FGB.

Outra novidade para 2012, é a montagem do Tri Circo. De acordo com Daniele, o espetáculo vai  envolver música e circo, abordando temáticas sobre a cultura e o jeito simples de viver na floresta. “Vamos investir na conscientização do público, de forma extrovertida, sobre a importância da natureza para nossa vida e nosso futuro”, explica Mirini. A proposta pretende, ainda, intercambiar metodologias artísticas para a rua com atores que visitam a casa.

Algumas das produções do grupo, em 2011:


> Com fogo não se brinca: A partir de uma demanda da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), o grupo desenvolveu este trabalho que aborda a questão das queimadas, riscos, perigos e como evitar. A performance rendeu mais de 30 apresentações na capital acreana, distribuídas em praças, mercados, comunidades rurais, escolas e feiras.

> A Bailarina: Uma produção livre do grupo que se caracteriza como uma performance poética que envolve música e literatura. Foi apresentado na Universidade Federal do Acre, para alunos de artes cênicas e música; na FAAO, além de eventos da prefeitura e paradas de ônibus, somando cinco apresentações.

> Cardápio de Histórias: É um espetáculo de contação de histórias, com temas variados entre mitos e lendas regionais e histórias de outras regiões do país, onde o público escolhe a história que será contada. O grupo realizou quatro apresentações: em Xapuri, na comunidade Nova Sibéria e em praças.

RESIDÊNCIA ARTÍSTICA


Como um espaço aberto à visitas de diferentes tipos, o grupo já recebeu visitantes de vários lugares e atuações, entre eles, Zeca Ligiéro, professor doutor do programa de pós-graduação em teatro e do departamento de direção da UNIRIO, pesquisador de performance e processo criativo; Linn Bjorkbacka e Anna Hallin, duas suecas que estão viajando o país e vieram conhecer o Acre, e encontraram no Grupo Vivarte um caminho para se aproximar das manifestações das culturais tradicionais do Acre; e o Grupo Manjericão (RS), formado por Márcio Silveira, Anelise Garcia e Samir Jane, que, além de já terem visitado o Acre e o grupo Vivarte diversas vezes, já realizaram e realizam produções conjuntas com o grupo acreano.

O grupo não apenas recebe visitantes de outros estados. Mas, também é recebido em outros lugares do país. Na última semana de janeiro deste ano, Daniele Mirini vai participar do 10º Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua em São Paulo. Além de amadurecer o intercâmbio cultural e a construção das políticas públicas, Mirini vai participar de uma residência artística junto com o Núcleo Pavaneli de Teatro e Circo (SP).

Nas trilhas de uma parada de floresta

Juliano Espinhos: “Promover uma educação ambiental é promover uma relação com o desenvolvimento da floresta”.
Por meio dos projetos “Trilhas Ambientais” e “Parada de Floresta”, o grupo tem desenvolvido atividades na Área Verde e possibilitado importantes experiências culturais entre artistas, indígenas, comunidade e estudantes. O “Trilhas Ambientais”, financiado por meio do Fundo Municipal de Meio Ambiente, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA, teve início com um passeio na floresta com atividades artísticas, com alunos da escola Santiago Dantas. A trilha encontra-se dentro da AAPA do Bairro São Francisco, no KM 36, na Transacreana. “É possível contar toda a história do Acre nesta trilha, dentro na floresta”, conta Juliano Espinhos.

Já o “Parada de Floresta” possibilitou, além da aquisição de equipamentos musicais para o grupo, a realização de oficinas, cortejos e saraus, contemplando três escolas da Zona Rural: Santiago Dantas, Irene Dantas e Cláudio Augusto, todas localizadas na Transacreana. “O espaço nos proporciona um aprendizado e uma reaproximação com a natureza, e o desenvolvimento artesanal, por meio da interação entre artistas, moradores e indígenas”, descreve Espinhos.

Por meio da arte, grupo promove atividades ambientais, políticas e comunitárias

Com estes projetos, foi possível realizar atividades de plantio com dança e música, em parceria com o Instituto África Viva, uma organização que realiza trabalhos humanitários e sociais, através da arte, para manutenção e melhora da qualidade de vida. “Promover uma educação ambiental é promover uma relação com o desenvolvimento da floresta”, explica Juliano. “As atividades na Zona Rural nos possibilitam importantes trocas culturais, e vários grupos e artistas que nos visitam, se oferecem para realizar uma apresentação de teatro naquele local, pois sabem que é uma experiência enriquecedora”, conta Maria Rita. 

E assim, o grupo Vivarte, com quase 15 anos de existência, se fortalece como um grupo de teatro da rua, na inconstância do dia-a-dia das praças, terminais urbanos e esquinas; mas consolida também, um trabalho de raízes tão fortes em espaços tão distantes, mas num mesmo Acre, e dentro de uma mesma causa artística, cultural, ambiental, política e comunitária.

Conheça os integrantes
Daniele Mirini: Fundadora, coordenadora da Casa Vivarte e Diretora artística do grupo;
Juliano Espinhos: Vice-Presidente, ator, agente ambiental, articulador de base Coordenado da Área Viva;
Magno Augusto: Músico, ator, oficineiro, também coordenado da Area Viva e Agente ambiental;
Maria Rita: Fundadora, presidente, atriz, produtora e diretora;
Marilua Azevedo: Secretária Geral, atriz, musicista, oficineria e designer;
Rodolfo Minari: Ator, musicista e assessor jurídico.
Lidia Sales: Atriz.
Anelise Garcia: Atriz e figurinista.


Fotos: Anelise Garcia, Juliano Espinhos e Acervo Vivarte 
Matéria publicada no Jornal Página 20, edição do dia 18 de janeiro de 2012.