terça-feira, 5 de julho de 2011

Grupo Vivarte

Entre o Nação Arco-íris, a Área Viva e o Casamento da Filha de Mapinguary

Giselle Lucena

Eles se dizem um grupo de experimental de teatro de rua e da floresta. Mas, na verdade, seus experimentos ultrapassam as direções teatrais e alcançam a arte de viver, de assumir os desafios dos trabalhos comunitários, sociais e ambientais. Não apenas isso, a arte aqui também impulsiona a fé na transformação por meio da cultura.

Espetáculo leva contos e encantos da floresta para ruas, escolas, mercados, feiras...

O Grupo Vivarte acaba de finalizar o projeto de circulação do espetáculo “O Casamento da Filha de Mapinguari”, que levou os contos e encantos da floresta para escolas da Zona Urbana e Zona Rural de Rio Branco: o Colégio Cerb, Chalub Leite, Clínio Brandão, Escola da Floresta, Santiago Dantas e Irene Dantas. O grupo também apresentou na Feira do Sebo, que acontece aos sábados, na Praça Povos da Floresta, no Centro da cidade. “Tivemos a média de 3 mil pessoas assistindo ao espetáculo, entre elas, estudantes, funcionários públicos, professores, tantos outros”, conta Maria Rita, diretora do grupo.

“O Casamento da Filha de Mapinguari” foi levado para quase 15 escolas de Rio Branco, além de já ter sido apresentado em mercados, praças, bibliotecas, feiras, tribos indígenas e comunidades ribeirinhas. Segundo Maria Rita, dividir as apresentações em espaços e escolas que se localizam em diversos pontos da cidade gera experiência satisfatória aos artistas e ao público. “Oferecemos para diferentes pessoas a oportunidade de conhecer e experimentar o teatro de rua, e temos a chance de divulgar ainda mais a nossa arte e vivenciar nossos aprendizados”, conta a diretora.

Ninguém mais sabe ao certo se é a arte que imita a vida ou se a vida é que imita a arte. Se as pessoas vão e vêm nas cidades, nas famílias e nos relacionamentos, num grupo de teatro não é diferente. Mudanças de elenco dão trabalho, adiam apresentações, exigem mais ensaios, retoques no figurino... Mas, o mais importante: renovam. O elenco do grupo Vivarte passou por reformulações e, agora, é Lídia Sales quem faz o papel da Lua Nova, a encantada filha do grande Mapinguari. A artista participou de algumas oficinas realizadas na Casa Vivarte, e está iniciando os trabalhos com teatro. “Fizemos uns testes para o papel da Lua Nova. Apesar de ser a primeira experiência dela com teatro, Lidia se destacou por causa de sua coordenação motora, pois precisamos de pessoas que atuem, cantem, toquem e dancem. Ela aceitou o desafio”, conta a diretora do grupo.

Maria Rita: dedicação à arte por acreditar na transformação cultural

O projeto de circulação deste espetáculo foi financiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura (2010), gerenciada pela Fundação Garibaldi Brasil, patrocinado pela Caixa Econômica Federal.

Que história é essa? – A lendária figura do Mapinguari, habitante e guardião da Floresta Amazônica, quer casar sua única filha, a Lua Nova. Para isso, o personagem convida alguns habitantes da fauna amazônica e outros seres mitológicos da floresta para uma grande festa, com o propósito de eleger o pretendente. Na história, macacos, tamanduás, jacarés e tucanos possuem um importante papel de propor uma reflexão sobre a preservação ambiental.

A CULTURA TEM CASA

Além das montagens e apresentações teatrais, o grupo Vivarte mantém a Casa de Cultura Vivarte, localizada na Rua Tapajós, 508, Bairro Vila Ivonete. O espaço é um convite à contemplação e produção artística diários. Por meio do Prêmio Amazônia Legal, o grupo adquiriu equipamentos de som e infra-estrutura para as atividades no local, como os saraus culturais e oficinas. “Realizamos encontros entre os artistas e a comunidade, com apresentações musicais, contação de histórias, pintura de rosto nas crianças, entre outros”, conta Maria Rita. Segundo ela, a comunidade já se acostumou com as atividades. “Quando passamos algum tempo sem programação, eles nos cobram”, conta.

Espaço aberto para criação e contemplação artística

Com o “Prêmio Amazônia Legal”, o grupo também garantiu a finalização da montagem do espetáculo “Encantoria”, com texto do dramaturgo e cordelista pernambucano Edmilson Santini. O espetáculo consiste numa viagem na história do país por meio da cultura popular e da mitologia da floresta. “Já fizemos um ensaio aberto deste trabalho, mas ainda estamos em busca de recursos para produção dos figurinos”, diz Rita.

Além desta Casa, o grupo Vivarte investe também na “Área Viva”, um espaço localizado na estrada Transacreana. Lá, acontece o projeto “Parada de Floresta”, que consiste em intervenções artísticas para conscientização ambiental com a comunidade local.

Saraus e oficinas são realizados na casa, com artistas e comunidade do entorno

Nação Arco Íris: Como resultado do projeto “Casa Vivarte: Espaço de Arte e Cultura”, o grupo Vivarte montou do grupo “Nação Arco-íris” de maracatu. “Promovemos ensaios abertos com crianças e adolescestes da comunidade do entorno”, explica Dani Mirini, que coordena as atividades junto com Marilua Azevedo. “Os ensaios acontecem na Casa e, ao final, saímos em cortejo pelas ruas, com tambores, danças e cantos”, conta a Mirini. Este ano, o grupo aprovou o projeto para continuidade dos estudos, ensaios e oficinas de música, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. As oficinas serão realizadas aos sábados, de agosto a novembro.

O telefone para contato é: 9957-9413 ou 9957-9421.